Humanidade 2012 - estrutura monumental montada no Forte
de Copacabana.
Crédito: Divulgação
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A fila para entrar na exposição concebida magnificamente
por Bia Lessa no Forte Copacabana, batizada de Humanidade 2012, continua se
renovando. A espera é de em média duas horas.
Para tentarem acolher esta enorme procura, aumentaram o
horário, fixando o fechamento às 22:00h com a última entrada às
21:00h.
Não há um modo de acelerar a entrada na exposição, pois a
estrutura montada tem um limite de resistência determinado a cinco mil
pessoas.
A lucidez dos projetistas está em determinar e fazerem
respeitar esse contingente máximo. Mesmo diante de uma eventual pressão para
acolherem um pouco mais, o limite deve ser seguido.
A consciência do grau de suportabilidade mantem com rigor
o fluxo possível para a preservação de tudo.
Essa estrutura e todo o seu cálculo de suportabilidade me
fazem pensar na nossa estrutura psíquica, que é também concebida como um
projeto. E, como tal precisa de uma determinada engenharia e previsões de
suportabilidade e manutenções.
Nossa estrutura nos fornece a capacidade análoga a da
exposição, de acolhermos sob nossa responsabilidade direta sem partilhas um
certo número de pessoas e os respectivos pesos inerentes a responsabilidade que
temos em relação a cada uma delas.
No nosso imenso pavilhão psíquico, vamos colocando tantas
coisas e pessoas: trabalho, telefonemas, marido, mulher, filhos, sogra, sogro,
mãe, pai, irmão, menos horas de sono e mais horas de atividade. Parece que
quanto mais eficientes somos, sucesso garantido e a fila para acolhermos
aumenta. Até quanto? Até quando?
Portanto já é fácil compreender que quando uma pessoa se
sente desabando, está ultrapassando o limite de sua resistência.
De onde surge essa resistência?.
O famoso Ego é o fornecedor da resistência psicológica e é
também o sinalizador da chegada aos limites.
Por isso é muito bom aprender a ler as mensagens que ele
envia a nós.
Ter este saber bem sabido, é se capacitar da organização
de si mesmo diante das sucessivas demandas de responsabilidade que a vida nos
apresenta.
Em uma entrevista para o Caderno Ela de junho, a Chefe de
Gastronomia Flávia Quaresma, narra que percebeu que havia algo errado depois de
uma crise de labirintite, ainda no Carême, e de ter trocado o menu de uma festa.
Juntou, o diagnóstico médico de estresse e colesterol altíssimo à percepção de
que estava vivendo apenas para o trabalho. Decidiu mudar.
Freud afirmou que a tensão interna é sentida pelo Ego como
desprazer.
A partir deste dito freudiano, podemos começar a
identificar a nossa chegada ao limite de suportabilidade. Quando começamos a
acordar sentindo um desprazer que nos acompanha durante o dia e se renova em
outros. Atenção: Sinal Amarelo. Estamos acolhendo mais de "cinco mil" pessoas e
temos que nos organizar com coragem para estabelecer prioridades e
esperas.
Pense. Se os organizadores da exposição no Forte
Copacabana, sentissem culpa e por causa dela abrissem o espaço para todos de uma
só vez, o que aconteceria?
Teríamos uma catástrofe.
Pois é... Preciso dizer algo mais?
Mas vamos mais um pouco em nossa compreensão.
Uma pessoa desaba pelo desânimo que o Ego começa a
fornecer. Se não o escuta neste primeiro sinal, ele manda outro, a
irritabilidade. Não tem gente que parece “Pessoa Granada”: você encosta e ela
explode? Hummmm... Já está com a estrutura comprometida... o desabamento e o
Sinal Vermelho virão, em breve...
Vontade de nada fazer, tédio, irritabilidade,
ressentimentos adquiridos por excesso de suscetibilidade, mudanças de humor
bruscas, falta de foco. Atenção. A Estrutura Ruiu.
Estabeleça espaço só para você.
Observe, todo estabelecimento fecha um dia para receber os
cuidadores. Naquele dia, não há espaço para acolhimento, é só para manutenção e
cuidados. Um Tempo para você se entregar à mão dos manutenciadores e nunca
precisar desabar para se reconstruir.
Flávia Quaresma tatuou no braço esquerdo a expressão
latina "Memento Vivere", algo como "Lembre-se de Viver".
Ponha na sua geladeira, na sua agenda, na sua culpa e em
seu coração:
Projeto Humanidade 2012
- Lembre-se de Viver