Quem um dia não se sentiu fraco e ansioso diante de uma
decisão na vida?
Quem também não se sentiu igualmente ansioso diante de
algo que precisava falar?
Todos nós temos um lado inseguro que nos leva a se ver
pequeno para as caminhadas.
Como na obra de Cervantes, O Homem De La Mancha, somos um
Sancho Pança, bom, meio atrapalhado e sem muita estrutura para as iniciativas.
Através dos olhos fracos desse nosso lado, a visão da vida é meio assustadora.
Esses olhos frágeis nos paralisam.
Sancho Pança, para trilhar caminhos desejantes, precisou ter
a frente a maturidade e a audácia de Dom Quixote. Aliás, o fidalgo que se
transforma no herói de La Mancha só se transformou em cavaleiro e defensor dos
fracos aos quarenta anos. Nesta idade colocou sua armadura e foi realizar Sonhos
que antes pareciam impossíveis.
Podemos ler esta obra como uma jornada de construção da
capacidade de enfrentamento, que começa a se tornar mais visível aos quarenta
anos. Não é mesmo assim a vida?
Parece que chega um momento em que a construção de um
herói interior se faz imprescindível.
Como na mitologia grega, Aquiles faz sua jornada apesar e
com seu calcanhar e Dom Quixote carrega atrás de si para onde for o nosso
Sancho... Todos fazem sua jornada como nós devemos construir um modo de seguir,
aonde nenhum avião, trem ou navio podem levar, pois não se trata de um caminho
geográfico mas psicológico.
Como em O Mágico de Oz, podemos sair de uma Kansas pálida e
sonolenta para Além do Arco Íris.
Sejamos Dorothy, Aquiles, Dom Quixote. Sejamos o herói
certo para cada história de nossa vida.
Sejamos Vida!
Imagem: Don Quixote - de Pablo Picasso