Durante a semana o meu celular resolveu aos poucos começar a desistir de ser carregado, semelhante a uma depressão, se desmotivou a existir.
Só via com desespero o marcador da bateria diminuir pouco a pouco, pois atualmente só recebo chamadas nele. Quem deixasse uma mensagem iria pensar que o meu silêncio na resposta poderia ser um descaso.
Sendo assim no sábado fui ao Shopping Leblon tratar logo de substituí-lo.
Cheguei à loja, e a senha que peguei me trouxe uma boa surpresa, eu seria o segundo a ser atendido. Havia uma mulher com o número anterior ao meu, que me olhou e um pouco acelerada me perguntou: “Você nesta época do ano não fica mais atordoado?” e, sem esperar a minha resposta, continuou: “Eu fico doida quando o mês de dezembro se aproxima, perco qualquer senso de tranquilidade e começo a fazer mil coisas. Às vezes acho que o meu filho tem razão quando me diz que eu pareço mesmo é com um celular com muitas funções”. Assim ela concluiu a auto definição e eu pensei em silêncio no meu celular quase em coma, tão pouco dinâmico.
Sem mesmo saber quem eu era, me lançou a pergunta metafísica; “Será que tem a ver com a conjunção do céu de novembro com o de dezembro?”.
Respondi: Claudia Lisboa poderia nos responder como faz ao final de cada previsão do horóscopo: "É tempo de acalmar ou É tempo de acelerar".
Resolvi tomar a palavra e finalmente explicar para ela o que pensava a respeito através do enfoque psicológico, que afirma que ao final do ano nossa mente quase que de modo espontâneo nos impõe o movimento de busca em zerar pendências.
Começamos a partir desse instinto de balanço dos feitos e dos não feitos, a sentir uma ansiedade em relação às coisas que deixamos para depois: a pintura da varanda; a bainha de uma calça; o dentista; o exame clínico que nunca é realizado mesmo já tendo o pedido em mãos; a nova forração de uma cúpula; a lavagem dos tapetes; o arranhão na lateral do carro; a dieta; o início de uma atividade física; a visita a alguém; a conversa séria com a mulher; a conversa com a nora sobre indelicadezas recorrentes; a leitura de um livro que está na cabeceira; o término de um namoro; a renovação do visto americano e sem esquecer a renovação da carteira de motorista... Viu, são muitas coisas, não é?
Ela me olhou e me disse: “Nossa! Sou esta pessoa”.
Eu a respondi as gargalhadas: “Muito prazer, Senhora Desespero”.
Finalmente foi chamada. Tinha chegado o momento de ticar mais um item, ou quem sabe nada seria feito.
Comecei enquanto aguardava a minha vez, a pensar nas coisas que gostaria de resolver antes do final do ano. Ao final de um tempo ela levantou e me disse com um sorriso largo: “Consegui ticar mais um item da lista. A Senhora Desespero vai continuar! Boa sorte para você!”.
Rimos com a cumplicidade de sabermos que iríamos continuar em nossa humanidade apressada de fim de ano.
Lembrei enquanto eu já estava diante do eficaz atendente, sobre o que havia lido no Caderno Ela do jornal O Globo daquela manhã, onde um artista plástico dizia estar inaugurando uma exposição em homenagem “A Capacidade Feminina”. Declarou que achava que elas dão conta de tudo e que parecem ter vários braços. Pensei quando li – Realmente elas possuem vários braços, várias versões delas mesmas e muitas vezes, várias culpas que funcionam como baterias que as movem de uma atividade para outra, de um compromisso para outro, de novembros a dezembros. Ufa!
Pensei também nos homens que funcionam com várias pernas como se fossem IPHONES ou GALAXYS, multifuncionais, também muitas vezes movidos pela culpa.
Ao sair da loja com o celular substituído, resolvi dar uma volta e ao olhar para o alto vi que até o Papai Noel já chegava pelo céu do Shopping.
Com este trânsito atual no Rio de Janeiro, ele quem sabe se disse como no horóscopo de Cláudia Lisboa: É tempo de acelerar...
Vamos em frente com o trenó do Papai Noel...
Afinal, queremos entrar no próximo ano podendo de alguma forma dizer:
Ano Novo! Lista Nova!
Novembro chegou! Quem sabe possamos realmente dizer: É Tempo de Acelerar!
No mês de outubro eu estava passeando num shopping "tranquilamente" (já você vai entender as aspas"",hahaha) quando resolvi que, já que estava alí, iria comprar alguns presentes do Natal.....sabe, adiantando as compras....e entrando na loja, brequei...rsss......lembrei de você, Manoel, naquela sua crônica dos panetones muito antes do Natal.......Onde você está?????...parei tudo e resolvi dar meia volta e continuar meu descompromissado passeio, tranquilamente...sem aspas,rss. Acho que também me sinto acelerada...o mundo fica assim nos finais de ano...um misto de ansiedade e angústia também. Já comecei fazer meu balanço. Estou feliz; vivendo mais no mundo das possibilidades, do fazer...do crer para ver ao invés do ver para crer! Está sendo um ano bom. Aprendi mais um pouco!Inclusive que o dia de amanhã pode ser melhor que hoje, que um dia pode ser melhor que o outro...e isso me faz querer seguir em frente...porque todos os dias serão novos, e eu, sei disso! Obrigada por me ensinar!beijo, Andréa J
ResponderExcluirAndrea Olá !
ExcluirQdo encontrei esta mulher me lembrei aquela dos pannetones...
Vamos prestar atenção nos temos e vive-los nos comandos de acelerar e acalmar..bj
Manoel
Manoel Thomaz,
ResponderExcluirCá estou dando tempo aos compromissos.
Vivendo numa lentidão para reabastecer mais ou menos como estava o celular, não chegando ao estágio da coma e nem gostaria que me trocassem, mas, se estiver ZEN e se o horóscopo contribuir dando empurrãozinho começarei a pensar o que fazer ou não fazer.
Todas as comemorações serão com a famíia em hotéis aqui mesmo na orla de COPACABANA e BÚZIOS.
bjs
Jacintha
Novembro chegando e o curso 2013 finalizando.Já sinto saudades desse hábito de toda quarta.Desacelerar para acelerar para as festas de fim de ano.
ResponderExcluirEspero poder ler nem que seja de quando em vez suas crônicas .
Até o novo":acelerar "2014
bj
V Gon