domingo, 22 de fevereiro de 2015

Se Parecer Para Ser

Obra de Cícero Dias

Estou nos meus últimos dias desta minha temporada de três meses em Paris, logo retorno ao Rio.
Em todos os meus períodos aqui, sempre sinto um “Fazer Parecer”, como se uma parte de mim despertasse pelo encontro da visão do outro. Como se eu dissesse que um traço francês emergisse em mim. Como se eu deixasse brotar outros aspectos de mim mesmo... Aspectos que por vezes podem passar despercebidos uma vida inteira, se não somos estimulados pela visão exterior de um modo de ser em alguém que de certa forma admiramos.
Somos por vezes obrigados pelas pessoas a nos aprisionarmos numa rígida identidade, como se a normalidade fosse a linearidade óbvia de um modo de ser cotidiano.
Felizmente nós sabemos “fazer parecer” e isto é a prova que somos livres de nossa “identidade”, de nosso modo mais habitual.
É um sinal também de liberdade poder escolher conscientemente um modo de parecer, de ser e de reagir.
Aquele que é capaz de escolher ser civilizado, ou maduro, já o é um pouco.
Assisti aqui em Paris a entrega do prêmio do cinema francês "Le César" e o ator Pierre Niney foi recompensado pela atuação como protagonista no filme Yves Saint Laurent. Há um segundo filme lançado seis meses depois, intitulado Saint Laurent que também concorreu e não ganhou prêmio algum. Aliás, o filme que me tocou foi exatamente o premiado.
O ator Pierre Niney, para se preparar para o papel, passou horas diante dos vídeos de entrevista do Saint Laurent para encontrar em si o tom de voz e os gestos do estilista. Resultado? Transformou-se de um modo impressionante.

  

Ele encontrou em si alguma coisa de autêntico, não é mesmo?
Podemos pensar em “Se Parecer” como uma tentativa, um ensaio, destinado a revelar qualquer coisa de nossa verdadeira complexidade, de nossas outras possibilidades de ser.
Sim, porque somos múltiplos e complexos como estrutura de identidade.
Podemos numa noite de carnaval parecer ser um dançarino de tango sem que isso tenha algo de verdade em nossa verdade... Neste caso parecer é então um “Falso Parecer”... Mas você pode tentar outra coisa: se “Fazer Parecer” e tocar qualquer coisa de verdadeiro em você mesmo. Este “Fazer Parecer” é então um meio de se aproximar de si, e a aparência não será mais superficial. Ela se torna como um comportamento necessário ao despertar de qualquer coisa de essencial que você deseja estimular em si.
No fundo o gesto de “Parecer” é o apropriado para se abrir a todas as dimensões de si.
A aventura de “Parecer” participa daquela descoberta de si, mas de um si mais expandido e iluminado, que é maior do que a simples identidade cotidiana.
O ser humano é a espécie que tem a necessidade de se fazer parecer para se aproximar da própria capacidade de ser.
A pessoa expandida é o resultado dos Gestos Apropriados.
Chego ao Rio e levo comigo o Se Parecer que me perfaz o ser do meu desejo.
Uma das facetas é “Se Parecer” o Professor para o curso que estreia em Março intitulado O Gesto Apropriado.
Enfim, para sermos a versão de si que desejamos ser, o primeiro passo é se fazer parecer...
As pessoas que abandonam os vícios, os comportamentos improdutivos, as atitudes indolentes começam a se transformar quando decidem conscientemente “Se Fazer Parecer”...
O hábito faz um monge. 
Quantos deles podemos Ser?

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2 comentários:

  1. Prof. Manoel Thomaz
    Como FAZ BEM...ADMIRAR PESSOAS!
    Realmente ILUMINA!
    com açúcar....com afeto
    maria edna

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  2. Manoel, que privilégio ser sua aluna.
    Muita saúde e um 2015 frutífero em todos os sentidos.
    Bjs e que bom que as aulas recomeçaram....
    Denise

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